terça-feira, 12 de março de 2013

a verdade

eu não posso dizer o que imaginei que a minha vida profissional ia ser porque a verdade é que nunca pensei nela. Aliás, pensei, mas noutro lado e noutros trajes. Desde que me lembro de ter capacidade de pensar no futuro que queria ser bióloga marinha. Acordar, vestir o fato de banho, entrar no barco e estudar o mar. Fui sempre das melhores alunas da turma ainda que para biologia não fosse preciso nada de especial, certinha que só eu. Entrei para Biologia na Faculdade de Ciências e não foram precisas mais de duas semanas para destruir anos e anos de sonhos acumulados. Não é nada disto que eu quero.
Descobri a vocação num centro de saúde em Mértola. E é só desde aí que sei que a minha vida seria dedicada a estudar a mente e o comportamento, a ajudar quem precisa de mais do que uma sopa.
Mas nem assim pensei muito. Aliás, consigo assinalar este padrão na minha vida que é o de que as coisas mais importantes não parecem ser muito pensadas, racionalizadas, antecipadas.
É por isso talvez que me vou maravilhando dia a dia com aquilo que alcanço, que faço e que sinto quando trabalho. Parece que me guio pelo coração e recheio com a cabeça.
É também por isso que nem sempre é fácil fechar a porta quando acaba o dia, porque o coração não se fecha. É por isso que engulo em seco quando marco uma reunião com professores de meninos que acompanho e me deparo com um profissional desligado, perfeitamente obtuso, nada flexivel e nada crente na capacidade infinita de mudança de que os miudos são capazes quando devidamente estimulados, abraçados, acreditados.
E penso sobre as hipóteses que tenho de marcar a diferença.

1 comentário:

  1. Leio-te e sinto-me fascinada.
    Com o trabalho que fazes e a forma como o fazes!
    És fantástica e inspiras multidões!
    Espero um dia ter a oportunidade de sentir o "pacote" todo, coisas boas e más... até lá, vou-te lendo...

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